quarta-feira, 17 de agosto de 2011

País Sujo

Pesquisa do IBGE desnuda um Brasil exposto á sujeira, a enchentes e doenças, em consequência da falta de saneamento básico: pouca coisa mudou em dez anos. Solução exige vontade política e R$ 80 bilhões.

A casa da mineira Ana Paula Andrade, 23 anos, é um mosaico de pedaços de madeira encravado na favela Cambalacho, no bairro carioca da Barra da Tijuca, à beira de um pequeno canal que desemborca na lagoa de Marapendi. A tubulação do barraco onde mora há 4 anos com o marido, o porteiro Antônio de Almeida, 34 anos, e os três filhos despeja esgoto In natura no fétido curso d'água, assim como os barracos vizinhos. "As crianças vivem resfriadas e com doenças de pele", queixa - se Ana Paula. A falta de saneamento básico, problema comum a muitas comunidades pobres do país, se repete a poucos quilômetros dali, na abastada avenida Canal de Marapendi. A realidade da Barra, onde pobres e ricos sofrem a falta desse serviço essencial, resume a de muitos recantos do País, como mostra a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), que o IBGE acaba de divulgar. O documento revela um Brasil mergulhado na sujeira: 47,8% dos municípios não têm serviço de esgoto sanitário, 68,5% dos resíduos das grandes cidades são jogados em lixões e alagados e só 451 cidades fazem coleta seletiva de detritos. Os brasileiros produzem todos os dia s 125.281 toneladas de lixo, além dos 14,5 milhões de metros cúbicos de esgoto.